Sabrina Carpenter e Maya Hawke concederam uma entrevista muito casual e divertida para a Interview Magazine, na qual discutem sobre estratégias de uma pop star.
Confira abaixo a matéria completa traduzida pela nossa equipe e as fotos do ensaio fotográfico em alta qualidade:
Depois de conseguir um grande salto na sua carreira em 2014 na sitcom para adolescentes “Girl Meets World“, Sabrina Carpenter finalmente escapou das expectativas pré-estabelecidas da fama infantil da Disney ao recuperar sua identidade artística. Ela deu continuidade aos seus primeiros quatro álbuns com o “emails i can’t send” em 2022, uma saída mais ousada que teve a artista de 24 anos explorando a vulnerabilidade em problemas de estrela pop, como términos públicos e ódio na internet. Taylor Swift notou ela (convidou sua colega também nascida na Pensilvânia para abrir os shows internacionais da Eras Tour), assim como a Igreja Católica, que teve desentendimentos com Sabrina por causa do videoclipe do seu single “Feather” (procure no YouTube). Outra pessoa que esteve prestando atenção nela foi a atriz e cantora Maya Hawke, que ligou para Sabrina para discutir as complexidades da fama pop.
QUARTA-FEIRA 3 DE JANEIRO DE 2024 ÀS 18H, NYC
MAYA HAWKE: Estou bem. Acabei de chegar em Atlanta. Estou me preparando para começar as filmagens amanhã, e estou tão feliz por estar conversando com você.
CARPENTER: Muito obrigada por fazer isso. Como você está se sentindo? Eu adoro Atlanta.
HAWKE: Eu também adoro Atlanta. Em alguns momentos, me senti bastante solitária aqui, mas depois de fazer três temporadas da série [Stranger Things], a sensação é outra, e estou me sentindo muito bem. Acabei de fazer um ensopado de batata-doce.
CARPENTER: Ai meu Deus, você cozinha? Meus amigos dos sonhos são amigos que sabem cozinhar.
HAWKE: Eu cozinho. [Risos] Espere, onde você está?
CARPENTER: Estou em Nova York. Eu já te contei isso, mas divido meu tempo entre morar aqui e em outro lugar, então vou e volto. Mas este é o primeiro ano que passei em Nova York assistindo à queda da bola de réveillon, então sinto que realmente moro aqui agora.
HAWKE: Você não apenas assistiu à queda da bola, você se apresentou, certo?
CARPENTER: Sim.
HAWKE: Como foi isso?
CARPENTER: Surreal. É algo que eu queria fazer desde que era criança, mas por algum motivo não fica claro até você realmente estar lá em cima e o Ryan Seacrest falar o seu nome.
HAWKE: Eu assisti e você é uma verdadeira artista. Você preenche a sala e a produção ao seu redor se funde tão bem com a música.
CARPENTER: Sinto sinceramente o mesmo sobre você e sua composição de músicas. Cada vez que te vejo se apresentar, você transmite uma representação tão genuína e crua da emoção.
HAWKE: Obrigada. Mas parte do motivo pelo qual eu te admiro é que o aspecto visual é realmente difícil para mim. Eu amo pintar e amo atuar e cantar, mas conectar os pontos entre os três é um desafio realmente grande. Tenho curiosidade, isso aconteceu de uma vez ou você foi juntando aos poucos?
CARPENTER: Gosto de manter os olhos e ouvidos abertos para coisas que ressoam comigo, porque é isso que dá vida ao meu mundo. Mas na maioria das vezes, eu não faço ideia do que estou fazendo. Quanto mais eu continuo criando, mais ideias simplesmente surgem do nada.
HAWKE: É como um colagem.
CARPENTER: Exatamente. Só precisa ser verdadeiro para você, por mais clichê que isso pareça, porque não há uma fórmula, por mais que as pessoas gostem de pensar que você senta em um escritório e dizem a você o que deve vestir e como deve agir no palco.
HAWKE: Sim. É mais parecido com você sentar sozinha em seu quarto e as pessoas ligam e dizem: “o que você está vestindo? Qual é o plano?”. E você responde: “não sei. Talvez isso?”
CARPENTER: E então você acaba descobrindo o que te faz sentir confortável. Para mim, as roupas tiveram uma grande parte nisso. Foi um processo de descobrir o que realmente me faz sentir confortável. E meu Deus, eu não vou me sentir confortável com o que estou vestindo agora daqui a três ou quatro anos. Mas tenho que seguir o que sinto no momento.
HAWKE: Essa é uma maneira tão zen de pensar sobre isso. Às vezes, olho para trás nas coisas que fiz no início, tipo, “Eu queria ter sabido o que sei agora sobre mim mesma”, para que eu pudesse ter sido mais coerente. Mas se eu não tivesse experimentado de todas as maneiras que fiz, acho que não seria eu mesma agora.
CARPENTER: Os erros te levam a se conhecer melhor. Se eu não tivesse usado as coisas horríveis que usei quando tinha 13 anos, como qualquer fedora que eu tivesse, acho que não seria a mesma pessoa que sou hoje. Além disso, que experiência humilde olhar para trás e dizer: “Eu mudei.” Isso é um sinal muito bom de que você viveu a vida como deveria.
HAWKE: Acho que sim. Queria te perguntar sobre o crescimento orgânico de “Nonsense“. Essa música não foi um single, certo? Um fã a encontrou e então ela explodiu, pelo que pude perceber.
CARPENTER: Sim. Às vezes, eu fico insegura em relação à música pop e ao fato de que nem sempre vai atingir as pessoas de forma significativa. Então foi muito especial para mim ver essa música ter sua própria vida, talvez porque ela era a mais próxima da minha verdadeira personalidade, por mais boba que pareça.
HAWKE: Isso faz total sentido.
CARPENTER: Eu estava passando por um momento muito difícil na minha vida, cerca de dois anos atrás, por isso eu estava escrevendo muito poucas músicas de amor otimistas. Aquela [Nonsense] sempre se destacou, mas eu sentia que poderia descreditar algumas das músicas no álbum que tratavam de assuntos mais sensíveis, então quase não entrou nele. No passado, algumas pessoas me disseram que minha música não tinha simetria, que eu não tinha todas as músicas com o mesmo som, e isso mexeu comigo. Sou grata porque os fãs decidiram por conta própria que elas significavam algo para eles.
HAWKE: Você falou sobre se sentir insegura em relação à música pop, e eu estava curiosa, você escolheu conscientemente um gênero ou o estilo das músicas que você estava escrevendo simplesmente se adequava ao pop?
CARPENTER: Honestamente, eu não amo a ideia de que uma estrela pop é alguém que faz músicas pegajosas com conceitos fáceis de entender. Isso conecta com uma parte de mim, mas eu cresci ouvindo Stevie Nicks, Dolly Parton, Carole King e Patsy Cline, e esse tipo de música não necessariamente parecia pop para mim.
HAWKE: Entendo.
CARPENTER: Eu me sinto muito mais livre e animada com o que estou fazendo agora porque percebi que o gênero não é necessariamente a coisa mais importante. É sobre honestidade e autenticidade e tudo o que você se sentir atraída por. Havia muitos gêneros no meu último álbum, e gosto de pensar que continuarei assim ao escrever música.
HAWKE: Isso é tão inteligente. Sua voz tem tanta capacidade e clareza, e isso se encaixa muito bem com a forma como você está produzindo, porque você realmente consegue “pular uma oitava”, usando um termo melhor. Eu achava que haveria uma pergunta aqui, mas é realmente apenas um elogio. Sua voz é incrível.
CARPENTER: [Risos] Muito obrigada. Eu não sei como receber um elogio. E você, como lida com isso?
HAWKE: Eu desvio quando não concordo com o elogio. Também desvio se eu realmente achar que o que alguém está elogiando é um insulto. Se eles dizem, “Você é tão excêntrica”, eu digo, “Obrigada”. Se eu gosto do elogio, internamente estou uma confusão, mas apenas digo, “Obrigada. Isso significa muito para mim”.
CARPENTER: Acho que ser excêntrica é um elogio.
HAWKE: Qualquer coisa pode ser um elogio ou um insulto. Tudo depende do que você foi zoada quando era criança. Eu era zoada por ser muito excêntrica e estranha, e agora essas coisas me deixam sensível, mas apenas por causa do meu eu criança que está vivendo dentro do meu corpo de adulto. Como as pessoas reagiam a você quando criança?
CARPENTER: Ironicamente, eu sofria bullying por cantar. Eu tinha sonhos muito grandes quando criança, e deu certo para mim. [Risos] Eu ia bem na escola, mas, sendo honesta, comecei a fazer educação domiciliar muito jovem. Isso parece tão dramático, mas eu me sentia mais segura aprendendo dessa maneira. Eu estava em uma escola online e depois comecei a trabalhar bem nova, então saí desses pequenos círculos tóxicos que às vezes nem percebemos que estamos porque somos muito jovens. Então, eu era grata por isso. Você fez educação domiciliar?
HAWKE: Acho que porque ambos os meus pais eram atores quando crianças, era muito importante para eles não me tirar da escola. Durante a adolescência, costumava gritar e chorar para meus pais, pedindo para me deixarem trabalhar, mas eles não deixavam. Eu me formei no ensino médio e depois fiz um ano de escola de teatro e comecei a trabalhar aos 19. Mas eu sempre tinha inveja das pessoas que começaram mais cedo.
CARPENTER: Quando eu era mais jovem, muita gente presumia que era o sonho dos meus pais que eles estavam tentando realizar através de mim, e eu sempre tinha que dizer às pessoas que realmente não tinha nada a ver com mais ninguém além da minha versão de 11 anos. Mas 19 é uma idade incrível para começar a ter controle total sobre o que você está fazendo. Eu comecei a escrever meu álbum de estreia quando era criança e nunca teria lançado isso se tivesse começado um pouco mais tarde.
HAWKE: Eu lancei meu álbum de estreia aos 20 anos e não o teria lançado este ano. [Risos] Mas toda vez que você muda, olha para trás e diz: “Eu teria feito de maneira diferente.” É tudo crescimento orgânico. E é ótimo que você tenha lançado seu álbum de estreia nessa época. Ele deu início ao seu trem, e agora você tem “emails i can’t send” e é extraordinário.
CARPENTER: Obrigada. Eu definitivamente acho que o timing desempenha um papel enorme em tudo isso.
HAWKE: É um dos meus álbuns favoritos do ano. O álbum inteiro faz você se sentir bem, mas as letras te enchem de pensamentos poderosos sobre sua própria vida e relacionamentos. Não parece que você cortou partes de si mesma para fazer este disco.
CARPENTER: Obrigada. Eu arrepio toda vez que é recebido dessa forma porque acho que uma das coisas mais complicadas para um artista é aceitar ser mal compreendido. Isso vem com a criação de arte em qualquer capacidade.
HAWKE: Totalmente.
CARPENTER: Eu escrevi a maioria das músicas do “emails i can’t send” sem a intenção de lançá-las no mundo, porque não acho que teria escrito essas músicas se pensasse que outras pessoas as ouviriam.
HAWKE: Eu realmente sinto isso no álbum. Comecei ouvindo “Skin” e depois me aprofundei mais em suas outras coisas, mas este álbum parece que você mergulhou 1.000 pés mais fundo em seus sentimentos, e eu agradeço muito que você tenha feito isso.
CARPENTER: Obrigada. Infelizmente, você precisa se permitir chegar a esse ponto mesmo que não esteja pronta pra isso, e até eu fazer esse álbum, eu não estava nesse lugar onde achava que poderia estar. Outro dia, um cara disse: “A vida é tão longa. Você só tem que seguir as coisas que te fazem sentir algo, seja bom ou ruim.” E eu pensei: “Uau, sempre ouço dizerem que a vida é curta.” Mas isso me deixou realmente animada pelo fato de que vou me guiar até encontrar a saída.
HAWKE: Isso é uma coisa muito, muito importante de lembrar. É ambas as coisas. Uma hora pode parecer uma eternidade e um dia pode passar num piscar de olhos. O tempo parece ser o que você faz dele e se você tratar sua vida como se fosse longa, será.
CARPENTER: [Risos] Parecemos biscoitos da sorte.
HAWKE: É verdade.
CARPENTER: Esqueci de te dizer, vi “Maestro” duas noites atrás e você estava incrível. Adoro ver grandes obras de arte e filmes realmente inspiradores, porque sempre ajuda na minha composição também. Você está entrando nesse novo ano com algum tipo de resoluções clichês, tipo, “Vou me juntar à Planet Fitness”?
HAWKE: Minha única resolução este ano é sobre amizade. Quero investir mais energia nas minhas amizades e tentar lembrar o aniversário de todo mundo.
CARPENTER: Aw.
HAWKE: E enviar a eles um cartãozinho e ser o tipo de amiga que eu gostaria de ver no mundo.
CARPENTER: É por isso que eu disse que você é uma boa amiga. Você cozinha e agora, está até fazendo um esforço para lembrar dos aniversários. Isso é outro nível.
HAWKE: Acho que estou revelando para você que não sou tão boa amiga quanto quero ser, na verdade.
CARPENTER: [Risos]
HAWKE: Mesmo que eu esteja perto.
CARPENTER: Cartões feitos à mão são a minha nova coisa favorita este ano. Comecei a fazê-los no Natal para todos os meus amigos e família, e foi algo tão divertido de fazer. Faz você se sentir como uma criança novamente. Adesivos, glitter, lápis de cor. Essa é minha onda agora.
HAWKE: Isso é genuinamente legal. Estou tentando me envolver em enviar coisas pelo correio enquanto isso existir.
CARPENTER: [Risos] Exatamente.
HAWKE: Espere, antes de você ir, tenho algumas perguntas ridículas para você.
CARPENTER: Ah, por favor.
HAWKE: Então, eu tenho três irmãs pequenas. Elas têm idades menores que a minha que não estou lembrando e não quero errar publicamente. Mas elas são obcecadas por você e tinham algumas perguntas.
CARPENTER: Isso é a melhor coisa de todas.
HAWKE: Ok. Como você escolhe os nomes das suas músicas?
CARPENTER: Aah, boa pergunta. Escolho os nomes das minhas músicas por coisas que eu sinto que chamariam a minha atenção ao serem escritas em uma folha de papel, e geralmente começo pelos títulos.
HAWKE: Isso é extremamente legal. Você escolhe os nomes dos seus álbuns de maneiras semelhantes?
CARPENTER: O nome do meu álbum vem através de um milagre em algum lugar do universo, e geralmente acontece no dia anterior ao qual eu tenho que entregar tudo, mas gosto de pensar que vou melhorar nisso com o tempo.
HAWKE: Como você decide quais músicas entrarão no álbum e quais não?
CARPENTER: Eu passo muito tempo ouvindo elas, e aquelas que ainda quero ouvir após seis meses a um ano, que ainda parecem completamente novas, são as que mais se conectam comigo. Mas às vezes essa pergunta é um pouco difícil de responder porque é um sentimento.
HAWKE: E por último, você está trabalhando em outro álbum?
CARPENTER: Estou.
HAWKE: Isso é muito empolgante para mim e para todas elas.
CARPENTER: Você pode dizer a elas que mando um oi?
HAWKE: Claro. Elas vão gritar. Muito obrigada por me convidar para fazer isso.
CARPENTER: Eu realmente me sinto tão grata. Você é incrível. Além disso, secretamente, só pedi para você fazer isso porque queria conversar com você.
HAWKE: Isso me deixa ainda mais feliz.
CARPENTER: Eu sei que você começa as filmagens amanhã, então boa sorte. E espero que possamos sair quando você voltar para Nova York.
HAWKE: Eu também. Você só fica na cidade pelo próximo mês, certo?
CARPENTER: Sim, mas eu meio que estou em todos os lugares, então me avise e faremos nosso encontro acontecer eventualmente.